Ontem tive uma sessão com um cliente de Luanda que durou pouco mais de 1 hora e meia e pedi autorização pra ele para falar sobre (sem o citar) é claro, pois nossa sessão foi tão profunda que assim que chegamos ao fim, tinha certeza que precisava falar sobre isso. Por mais de 20 minutos ele falou sobre algumas coisas que o incomodavam e no seu relato fez questão de reafirmar algumas que o incomodavam muito, mas o que me chamou muita atenção é estarmos na sexta sessão e em todas elas ele insiste em trazer estas questões sobre algumas pessoas “e” algumas ações que o incomodam muito e claro que está tudo certo, faz parte da terapia ouvir o cliente.
Agora sempre inicio as minhas sessões perguntando o que o cliente aprendeu entre uma sessão e outra e nesta semana ele demonstrou evolução, mas mesmo na sessão de ontem ele disse a mesma coisa, pois percebeu a mudança de comportamento “e” só temos aprendizagem se houver mudança, certo? Se não existe mudança, você apenas tem informação e nada mais.
Nesta sessão em particular eu decidi colocar toda a minha energia na maneira como ele está vendo o “seu mundo” e sabe o que foi mais interessante? Quando eu perguntei o porquê de ele insistir em estar na companhia destas pessoas que o faz se sentir mal “e” por qual motivo ele tem aquele comportamento, no mesmo instante ele olhou pra mim, abriu bem os olhos e ficamos os dois em silêncio por bons minutos até ele quebrar o silêncio rindo, olhou pra baixo e o silêncio voltou quando ele me respondeu a uma pergunta que fiz logo no início da sessão – O Medo! E as lágrimas vieram. Eu tinha perguntado “qual a emoção que conduzia a sua vida neste momento?”
Às vezes vamos vivendo no “automático” da vida sem observar qual é a emoção que está nos conduzindo e vamos tendo comportamentos que muitas vezes nem compreendemos. Ele disse que continuava a conviver com aquelas pessoas, que no caso era um pequeno grupo de amigos do liceu, pois nunca conseguiu se sentir pertencente àquele grupo e “precisava” ser aceite por aquela turma.
Sabe, nos últimos anos tenho ido tão fundo em minhas sessões e cada vez mais percebo como as pessoas têm ações para se sentirem inseridas em alguma “tribo” e claro que este papo é mais profundo, agora o que ele conseguiu explicar ali, “ganhando consciência” foi que durante seus estudos este grupo o humilhava por ele ser gordinho e agora que ele tem um físico atlético, ele quer que eles o reconheçam, porém o grupo encontrou outras formas de fazer “piada” sobre ele e por mais que na maioria das vezes ele brinque com tudo aquilo, sempre volta pra casa chateado.
Se identifica com esta história do meu cliente angolano? Porque quando eu ouço relatos como este, sempre vem à minha mente o quanto tempo desperdicei tentando ser aceite por grupos diferentes “e” muitas vezes querendo estar com pessoas que na verdade me faziam mal, mas claro que parece estranho dizermos isso, né? Parece que somos masoquistas em busca de estarmos ao lado de pessoas que contribuem para nos sentirmos assim e sim, por vezes até insistimos.
É claro que cada caso é um caso e já tive situações em que estava claro que a questão era o medo de estar sozinho, em outras eram problemas sérios de autoestima, porém afirmo que na maioria dos casos esta “dependência” não é saudável e fica claro que aquele “grupo” ou aquela “situação” traz de alguma forma uma identificação para insistirmos em estarmos ali, muitas vezes sendo humilhados e tentando virar um jogo que só traz esgotamento mental e físico.
Isso fica muito claro por exemplo em relações tóxicas! Já atendi inúmeras mulheres que viviam fortes relações, onde o marido “manipulador” na maioria dos casos, colocava a relação em um circulo vicioso onde aos poucos ela se tornava dependente daquele “bate e sopra”, entende isso? Ele (bate), com palavras, com jogos fazendo a pessoa se sentir mal e ele se tornando o salvador porque depois ele (sopra), trazendo alguma consciência, carinho e entrando no papel de “drama” e se analisar com muito cuidado uma relação destas, ela está sempre no “triângulo do drama”, e o manipulador na maioria das vezes se torna herói e vítima, apesar de ser o verdadeiro vilão.
Loucura total? Se pensa assim é porque nunca esteve dentro de uma situação destas (e ainda bem), pois são situações que vistas de fora parecem fáceis de serem resolvidas, mas estando dentro é quando parece impossível sair. Lembro até hoje o primeiro caso de “relação tóxica” que peguei, ainda quando tinha clínica em Curitiba, no Brasil. Era tão complexo que eu só pensava – Porque é que ela não sai desta relação? Porque é que ela não afasta a sua filha desta relação? Mas entre o que acontece e o que há a fazer muitas vezes existe um abismo!
Agora sem medo de errar eu vou te dizer algo que peço que “redobre a sua ATENÇÃO” por favor – Não insistia no que não te faz bem. A vida é curta e se observar, estamos frequentemente falando sobre como os dias têm passado rápido, “nossa já é Páscoa? Férias….”, “Daqui uns dias é hora de tirar a árvore de Natal dos arrumos e enfeitar a sala.”Agora imagina a nossa vida?! Ela passa que mal percebemos. Olhe com atenção para o seu dia a dia, compreenda o que tem feito “e” principalmente “como” tem feito e aos poucos vai rompendo com TUDO aquilo que não lhe faz bem e por favor
#seliga que quando digo aos poucos é para não entrar em pânico e querer resolver tudo em 48h, porém não deixe que este “aos poucos” se torne em anos, entendeu?
Primeiro observe! Depois construa uma lista de prioridades e olhe pra ela com carinho, com amor e perceba o que soma e o que espalha. O que traz tristeza e o que traz amor. O que rouba a sua energia e o que o recarrega e te enche de vontade de fazer acontecer! Olhe para o que arranca lágrimas e traz mau humor e olhe com mais cuidado para o que traz sorrisos, gargalhadas e te faz bem, bem, muito bem!
A vida é muito curta para acordarmos todos os dias ao lado de quem não queremos!
Pense um pouco sobre isso e por favor “não se distraia pelo caminho”, aproveite com responsabilidade “e” muita intensidade.
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