Ontem revendo algumas das minhas anotações para a aula na formação em hipnose terapêutica que acontece hoje, encontrei um caso de um cliente antigo, ainda do Brasil que me procurou com a queixa de que nada dava certo na sua vida. Depois de me contar um pouco sobre o que acontecia, logo percebi que ele era viciado em desafios! Ele precisava estar sempre vivendo em cima da corda bamba, lá no alto e quando as coisas se estabilizavam um pouco, ele perdia o total interesse e precisava partir para outra aventura.
A questão é que chegou um momento da sua vida que percebeu que a vida estava mesmo sem graça e já tinha até perdido alguns relacionamentos. Ele não sabia porque as coisas não davam certo em sua vida, já que acreditava que estava MESMO empenhado nos seus projetos e para mim foi um caso brutal, pois via naquele cliente muito de mim naquela época.
Interessante é ele esteve comigo por quase 7 meses e muitas coisas aconteceram durante este trabalho que teve muitas sessões de coaching, também algumas de hipnoterapia e claro que ele desistiu. Depois de um intervalo de quase 2 meses voltou e voltou porque percebeu que estávamos certos no que estávamos descobrindo e o seu lado “sabotador” quis fugir da verdade, porém podemos até fugir por um tempo, mas nunca para sempre.
A sua maior limitação era o seu senso de urgência! Tudo pra ele era urgente e deveria acontecer agora ou se pudesse “ontem” e como ele tinha como verdade absoluta que deveria fazer tudo rápido, nem tudo saia bem feito e nem tudo acontecia como ele queria, depois ganhava de presente o stress, dormia mal e vivia irritado com as outras pessoas, ao ponto de quando tudo chegava a um limite insuportável, jogava tudo para o ar e começava outro projeto.
Assim fez com seu curso de alemão, com seus 6 negócios anteriores, com seus namoros, casamento e até com uma das coisas que ele mais preservava, a sua relação com seu filho que na altura tinha 19 anos. Tudo pro ar e vamos em busca de outra aventura.
A sua história perfeita, MAIOR é que um dia as pessoas iriam ver o que ele fez e reconheceriam quem ele realmente era e aí teria tempo para o filho, família e poderia relaxar. Ele acreditava mesmo nisso e lendo os meus apontamentos lembrava da maneira como ele falava , arregalava os olhos e alterava a voz, mesmo entusiasmado e querendo vender uma ideia que eu quase era obrigado a aceitar.
Às vezes as pessoas são viciadas em desistir e nem sequer levantam a hipótese que estarem erradas ou que deveriam persistir um pouco mais, talvez mudar a estratégia, fazer alguns ajustes ou simplesmente desacelerar, parar um pouco e descansar. Não! Elas querem provar ao mundo que estão certas e todos estão errados, mas neste alucinante movimento de provar, acabam por perder tempo, o foco, o real propósito e, algumas vezes, até a saúde.
Eu já desisti muitas vezes de muitas coisas e depois deste caso específico, aprendi que o ponto nem era “o desistir” e sim o porquê de eu perder facilmente o interesse nas coisas. Comecei a me estudar, a estudar melhor os meus clientes e percebi que grande parte das pessoas faz o que faz por estarem (cegos) e alucinados por um resultado e que NUNCA foi o alvo no projeto e sim a necessidade de dar certo, de mostrar ao mundo que elas conseguiram e cada um tem um motivo individual para fazer isso, porém quase todos que entrevistei tinha o mesmo foco – Provar o seu Valor!
Atenção que não estou aqui nesta dica terapêutica dizendo que todos querem isso e nem dizendo que é errado provar o seu valor, apenas quero mostrar que podemos considerar várias situações antes de permitir nos tornamos viciados nisso! Não desta maneira.
O equilíbrio sempre é o melhor caminho e estar alinhado com tudo pode não ser uma das tarefas mais fáceis, mas com absoluta certeza vale a pena insistirmos nisso.