Por vezes fazemos movimentos para “entrar”, para “caber” onde nem espaço existe ou até onde nem somos desejados, como se tivéssemos uma forte necessidade de ali permanecer, de ser “aceitos” e nestas inúmeras tentativas de ali entrar, nos esprememos, nos machucamos, nos moldamos e para quê tudo isso? Para nos sentirmos pertencentes àquele grupo, àquela tribo?
Inúmeras vezes na minha vida me esforcei para ser “diferente”, para fazer parte, para ser aceito e em algumas delas eu até consegui! Mas com o passar do tempo não conseguia me manter naquela posição, até porque ela não me pertencia e depois de muitos movimentos como este descobri que no fundo eu nunca fui aceito por “estas pessoas” e hoje até dou muitas risadas e fico pensando porquê queria tanto pertencer?
Isso tudo me faz lembrar de quando eu tinha 17 anos, em Belo Horizonte e ia assumir a gerência de um dos escritórios da Golden Cross, uma seguradora e estava eufórico! Com aquela idade e assumir um escritório daqueles, uauuu! Eu comprei um terno elegante (para a época) e o sapato que amei, não servia e mesmo assim insisti em comprá-lo, sem pensar nas consequências e no grande dia fui para a tal reunião, 2 ónibus para chegar lá e muita caminhada. Resultado? Durante a reunião não me aguentava de dor. A dor foi tamanha que nem prestei atenção naquele momento.
Depois ainda tinha o mesmo percurso pra voltar e quando tirei os sapatos em casa, meu calcanhar sangrava! Lembro de ficar dias com aquela dor, aquele desconforto! Às vezes não é para nós!!! E insistimos para que seja porque QUEREMOS a qualquer custo e sabe o que hoje, com alguma experiência e com 44 anos, penso? Que perdemos imenso tempo, quando uma porta não se abre e ao invés de procurarmos a próxima porta, queremos a qualquer custo abri-la! E as vezes até conseguimos “arrombá-la” e achamos que somos vitoriosos, entramos com tudo e mal sabemos que vamos passar muito tempo ali “perdidos” mergulhados em tentativas, dúvidas enquanto existe uma outra porta na qual tudo fluiriá lindamente “se” soubéssemos esperar…
Sem medo de errar, digo: Não se diminua para caber no mundo de outro alguém! Quantas vezes já presenciei em minhas sessões, pessoas se esforçando para diminuir seu amor, seus sentimentos para que tudo ficasse menor, para que pudessem passar despercebidas e serem aceites por outras pessoas que nem sabiam amar! Louco tudo isso, né? Pessoas que param de cantar, “só” porque todos os outros acham uma loucura aqueles que cantam alto no meio da rua em uma quinta-feira qualquer.
Ontem, foi a última aula de uma formação que eu e Paula estávamos fazendo! Master em Abordagem Sistêmica e foi uma daquelas aulas que fecham um ciclo importante e nos despertam para algo maior, difícil de mensurar aqui em poucas palavras…. Agora hoje quando acordei uma coisa ficou muito clara! Definitivamente eu não fico nunca mais onde não preciso estar! Nem emprestarei os meus ouvidos para ouvir aquilo que não faz sentido ouvir….
Sou grato à generosa Hellen Dalla pelas horas intensas que passamos juntos e principalmente pelas aulas que tivemos em que o foco não era “entregar o conteúdo”, mas entregar aquilo que precisava ser entregue – A chave Mestra para que possamos abrir as portas certas!
Então, neste dia deixo-vos aqui a reflexão que abandone a urgência, que pare de seguir a mente que às vezes mente e ao invés de gastar grande parte da sua energia “tentando” fazer parte, apenas seja…. E não se preocupe em fazer parte, pois quando começamos a ser, tudo faz parte e os seus se reconhecem e a tribo vai sendo construída um dia de cada vez!
Obrigado a todos por estarem aqui comigo todas as terças e quintas! E lembre-se que Segundas, Quartas e Sextas tem #Podcast Terapêutico.
Nos encontramos em breve,