Que dúvida cruel! Meias pretas ou amarelas? Ir para a praia ou escolher descansar em um bosque? Paris ou Itália? Salada com salmão grelhado ou cozido à portuguesa? E as “dúvidas” não param!!!!
Se prestar um pouco de atenção, perceberá que desde o momento que acordamos até ao deitar temos uma série de escolhas e claro que fazemos a maior parte destas escolhas de maneira mecânica, automática e normalmente nem percebemos porque preferimos o café ao invés do chá ou as torradas ao invés do pão com manteiga, mas já se perguntou porque isso acontece?
Por vezes estou com clientes no meu consultório que reclamam por terem atitudes (menos) boas e se dizem refém de hábitos que não conseguem alterar. Mas à medida que ouço as suas histórias, vou tendo mais certeza de como construímos cenas automáticas durante a vida e algumas delas vão contribuindo para que outras se tornem também automáticas e quando nos damos conta, quase tudo se torna mecânico e raramente percebemos isso, pois a sensação é que o “processo” em si é mais forte que nós.
Não sou um especialista no assunto, mas um amante do comportamento humano e tenho hoje muita consciência que quando ajudo os meus clientes a ganharem consciência, tudo se transforma nas suas vidas, pois naquele instante parece que eles estão despertando de um sono profundo e eles próprios vão me revelando como a vida parece diferentes, quando eles estão realmente acordados.
Sim! É interessante! Mas ainda se observar atentamente as suas “manias”, a maneira como faz por fazer o que faz “E” como faz e se conseguir aos poucos prestar mais atenção e mais ainda, perceberá a vida de uma maneira diferente que as demais pessoas e as suas escolhas deixarão de ser apenas por “obrigação” e serão porque realmente quer escolher daquela maneira.
Pode parecer confuso lendo apenas uma vez, mas quem sabe se olhar melhor para a sua vida, perceberá que muitas das suas decisões são fruto de escolhas rápidas, automáticas e algumas delas nem têm sentido ou se olhar mais atentamente perceberá que nem meias pretas e nem amarelas, a questão é que nem de meia gosta! (risos). Entende o que quero dizer? Às vezes fomos induzidos a gostar de coisas que nunca nos agradaram ou que nunca precisamos, mas compramos porque possuímos algum gatilho interno que dispara este impulso e vamos lá e fazemos, mas na verdade se tivéssemos tido alguns minutos de lucidez, jamais o faríamos.
Já fiz péssimas escolhas na minha vida, já disse sim inúmeras vezes e só depois percebi que teria dito não a quase todas, então porque disse sim? Porque fui educado para dizer sim, porque acreditava naquela situação específica que um “não” magoaria, que deixaria a outra pessoa chateada. Em outras disse sim, porque a maioria disse sim e não queria me sentir excluído ou disse sim pelo simples facto de querer experimentar aquela sensação e depois não podia mais dizer não, pois meu sistema de crenças não suportaria a consequência do que viria a seguir?!
Na dica terapêutica de hoje quero apenas levar-vos a um pensamento mais profundo em relação a saber fazer escolhas, a não ter tanta pressa em tomar uma decisão, pois na maioria das vezes estas mesmas decisões “tomadas” inconscientemente podem trazer resultados menos bons ou deveria dizer claramente: “resultados desastrosos” capazes de construir uma corrente de outras escolhas e resultados e quando percebemos estamos completamente envolvidos em uma série de fatores desconfortáveis e sabe o que mais? Quando pararmos para pensar, nem sabemos em que momento nos perdemos, pois fomos tomando decisões para resolver a decisão “anterior” menos boa e uma coisa leva à outra e todas juntas mecanicamente levam ao “sofrimento”
E o que podemos fazer? Despertarmos? Acordarmos? Deixarmos de viver no automático e enxergamos a vida nos pormenores, nos detalhes mais importantes? Sim! Talvez seja uma das inúmeras saídas para estar mais consciente e posso dizer que quando comecei a me tornar consciente da minha vida, dos meus passos e dos meus resultados, sentei e chorei e chorei muito e quando acordei do outro dia com rosto inchado e alma leve, decidi que jamais queria voltar a este sono profundo. Quando olhei com mais atenção, quando mudei as minhas lentes perante o mundo, vi a vida em câmera lenta até me acostumar com as minhas novas lentes e hoje… (risos), sinto-me muito bem, pois enxergo bem melhor e isso não significa que às vezes não esqueça as novas lentes, mas é mais fácil perceber e logo as coloco de novo.
Boa experiência! Boas escolhas e que elas sejam todas conscientes.