Fazia algum tempo que eu não ouvia a frase “Estou numa maré de azar” e há uns dias atrás em uma sessão por Skype com um Brasileiro que mora na Irlanda, ele trouxe esta frase, coçando a cabeça e respirando fundo! Acredito que por alguns segundos a minha mente me levou para longe, muito longe e voltei prestando muita atenção no que ele dizia, porém quando acabou a sessão, lembro que fechei o meu notebook, fui até a poltrona do consultório e me deitei ali por uns 30 minutos e viajei…
Eu usei esta expressão durante muitos anos! Bastava alguma coisa dar errado, acompanhada de outra que já aumentava, exagerava e começava a dizer pra mim e para todos que eu estava em uma verdadeira maré de azar e como pode imaginar, uma “maré” de azar representa uma fase de coisas que não estão dando certo e decidi trazer este tema para esta dica terapêutica. Quem sabe conseguirei ajudá-lo a compreender um pouco mais sobre azar e talvez sobre sorte.
Bora lá?
Há muitos anos que decidi ser fiel aos meus propósitos de vida e no momento que isso aconteceu, claramente abandonei a maioria das minhas crenças limitantes e mergulhei de cabeça naquilo que acreditava “e” me libertava cada vez mais. Neste “processo” que não foi nem de perto de 1 dia, foi de meses, eu observei e percebi que o azar não existe! Claro que pode duvidar disso, pode ter uma história forte para me contar e pode “até” defender com unhas e dentes a sua ideia de “azar”, mas falarei mesmo assim sobre esta maré que nunca foi de azar.
Às vezes estamos passando por uma fase difícil, não nos sentimos preparados para enfrentar alguma situação, cometemos algum erro, alguma negligência e tudo junto trouxe um momento (menos bom) e logo achamos que estávamos com azar ou que aquilo deu “errado”. Penso que agimos de tal forma, pois estamos olhando para o exato momento, para a sensação, para o facto e se por momentos aprendesse a olhar mais a diante? É… Se esperasse um pouco mais e percebesse que lá a diante existe uma situação positiva que só aconteceu devido este “azar” que acreditou estar vivendo.
Lembro de ter vindo para Portugal a convite de uma família e infelizmente não deu certo, me senti enganado, eles se sentiram enganados e em um momento estava eu no Porto, sem dinheiro, sem perspectivas olhando para a janela, vendo a chuva e pensando o que eu deveria fazer. 4 anos depois olho para a vida que tenho e percebo que se “aquilo” tivesse andado, hoje a minha vida seria completamente diferente e acredito que não seria tão boa quanto é hoje e sem entrar em detalhes, aquele “azar” de ter rompido uma parceria me trouxe outras dezenas delas.
Eu não sei em que momento da sua vida está, não sei se consegue olhar e perceber os factos que um dia chamou de “azar”, mas se analisar com mais cuidado, será que todos estes momentos foram mesmo um azar em sua vida?
Não faz muitos dias que um amigo me disse que estava atravessando a maior dificuldade profissional da sua carreira, que o seu consultório estava mal, que já não tinha muito dinheiro e me perguntou: “Eric, o que eu faço?” Na hora a minha primeira resposta foi: Continua atravessando, não pare e não olhe pra trás e ele desligado do seu “processo”, me pergunta: “Continuar atravessando? Enlouqueceu?” Eu disse que não! Eu não enlouqueci, pois foi ele mesmo que disse que estava atravessando, então se o registo dele é este, significa que não está parado de braços cruzados e deve continuar atravessando até sair daquele cenário, compreende?
Depois num segundo momento puxei por sua memória de momentos menos bons que achava que jamais iria sair e saiu, então ele riu e percebi que estava indo bem e o nosso longo papo se transformou em uma aula de estratégias para acreditar. E digo o mesmo a você leitor, se não acreditar e focar no outro lado da moeda, jamais irá sair da fase do “azar”, pois se acreditar MESMO neste “azar” irá sempre achar espaço para ele em sua vida.
Preste atenção, por favor!
Todos nós, inclusive eu, atravessamos fases menos boas e algumas são criadas por nós, outras entramos “inconscientemente” e nem percebemos, mas 100% delas servem para nos educar, nos ensinar, nos direcionar para uma outra fase, agora se o meu foco está propriamente (no) “azar”, aí fica realmente difícil avançarmos, pois a nossa energia estará focada no problema e não na solução, certo?
Hoje quando um desafio surge, a minha primeira pergunta é: “para quê” e antes era “porquê?” Isso quando eu não estava chorando e me lamentando, dizendo: “Porquê comigo? Onde foi que errei???” e se tiver um mínimo de criatividade conseguirá imaginar-me a lamentar-me. (risos).
Não existe nenhuma maré de azar! O que existe são resultados de escolhas mal feitas, escolhas feitas no calor do impulso, no momento do medo, para alimentar o Ego e contamos as melhores histórias para fazermos e depois esquecemos de “todos” os detalhes e passamos horas nos lamentando ou “fugindo” de enfrentar o problema por medo da dor que sentiremos! Nos sentimos depois covardes, vivemos depois com a sensação de culpa, de incompetência e tudo isso junto é o suficiente para nos causar danos que nos irão perturbar por um bom tempo.
Aprenda a enxergar o que acontece ao seu redor! Aprenda a assumir a responsabilidade, a olhar de frente, a buscar ajuda “se” necessário for, mas não culpe uma “maré invisível de azar”, pois a sua mente pode verdadeiramente creditar nisso e dali por diante acumular uma série de pequenos, médios e grandes azares e com o passar do tempo se tornará num colecionador de momentos menos bons, enquanto outras pessoas colecionam felicidade.
Fique bem e lembre-se que não importa o quanto pareça o TAMANHO do que está acontecendo, é apenas uma perspectiva e não a visão correta sobre o que realmente está.
Nunca é o que acontece com você, mas é a maneira como reage ao que acontece!
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