A ligação durou quase 40 minutos e ele falava ao telefone em tom baixo calmo e, de uma maneira impressionante, transmitia seu medo de morrer. Não queria vir à consulta, não queria esperar nem um minuto – Ele estava no meio de uma crise.
Eu não estava nada calmo, disse o cliente pessoalmente 6 dias depois de ligar e falar comigo no meio de sua crise de pânico. Ele disse que pensou em tantas coisas, respirou, abriu as janelas da casa, pegou o telefone e ligou para alguns amigos. Apenas uma amiga atendeu e recomendou que ele me ligasse. Eu estava almoçando e atendi a sua chamada.
Claro que a minha primeira tentativa foi pedir para ele vir ao consultório, mas não sabia que ele estava no meio de uma crise. Logo que percebi, parei de almoçar e concentrei-me em todos os detalhes que ele me dizia. Naquele momento o meu foco foi simplesmente dissociar toda e qualquer sensação para que a sua mente sábia pudesse trazer alívio para aquela dor. Consegui estabilizar a situação nos primeiros 15 minutos de conversa e depois falamos sobre como tudo aquilo aconteceu e como eu poderia ajudá-lo.
Quando falamos pessoalmente, ele descreveu o episódio como um verdadeiro filme de suspense no qual ele sentia sua boca amarga, pernas bambas e uma angústia que definiu na hora como uma estranha sensação gelada que subia pelo peito e parecia que apertava o seu pescoço.
Contou ainda que não era a primeira vez que teve esta crise e em todos os momentos sentiu-se assim e tudo que pensava era que iria morrer e já não aguentava viver no meio de uma situação desta.
Hoje escrevo este artigo com a sua autorização, pois vamos para a 9º sessão de Hipnoterapia e tenho no consultório um novo e seguro homem. Um ser que tem a segurança de dizer que se sente bem, tranquilo, sem culpa e sorri todos os dias para a vida.
Juntos nestas sessões, identificamos os seus medos, a origem de tudo isso e conseguimos abandonar certas crenças limitadoras. Ajudei-o a viver melhor e no momento presente.
Muitas pessoas vivem este drama de sentirem um medo súbito, pensam que vão morrer e não sabem mesmo o que fazer, mas quando vamos investigar com calma, na maioria dos casos existe uma explicação, uma resposta lógica de como tudo aquilo começou.
Nem sempre consigo levar o cliente à origem, à matriz, mas quando não consigo trabalhamos da mesma maneira utilizando os seus recursos internos para destruir aquela emoção.
Ninguém merece sofrer ou viver uma vida assim, com medo de ter medo! O maior problema destas pessoas “na minha opinião” é o excesso de ansiedade e com isso se perdem-se de tal maneira que já não sabem onde começa o medo e onde terminam as sensações que paralisam o seu corpo.
O mundo está cada vez mais acelerado. As informações mudam a uma velocidade incrível, a tecnologia, as ondas eletromagnéticas, as noticias negativas que chegam até nós através da Televisão, Rádio, Internet, mensagem de telefone, jornais, revistas…
A maioria das pessoas parece sentir uma enorme necessidade de se manterem conectadas e concordo que a evolução faz parte da vida, do nosso crescimento, mas junto com este crescimento acelerado vem a nossa adaptação, dependência e em muitos casos o que deveria ser utilizado para se comunicar torna-se numa muleta gigante, um meio de expormos a nossa vida, desabafar, conhecer pessoas ou simplesmente conseguir mais likes.
Penso que tudo isso contribuiu para que parte da população mundial se tornasse dependente e permanecesse mais e mais ligadas ao perigoso automático da vida.
Às vezes não conseguimos preencher todas as nossas lacunas emocionais e o vazio vem com força, roubando tudo em segundos, deixando-nos vulneráveis e com uma sensação de que vamos morrer.
Os especialistas falam em Ansiedade, Síndrome do Pânico e podemos até escolher outros nomes, isso pouco importa, a questão que todos desejam é compreender porque é que em segundos o mundo pára, o ar diminui, o chão se abre e temos uma sensação triste e vazia que parece que o sangue congela e tudo que conseguimos pensar é que…chegou o fim.
Gosto muito de trabalhar com pessoas que tem medos, pânicos e que não conseguem enfrentá-los. Gosto mesmo de estar diante de pessoas que racionalizam cada passo ou simplesmente choram sem entender o que se passa. Cada sessão, cada cliente é único e a possibilidade que tenho de mergulhar junto com ele é realmente uma experiência fantástica. Aprendo tanto, mas a sensação mais forte que tenho é que a mesma mente que cria o veneno é capaz de criar o antídoto.
Não sou homem de dar conselhos, mas uma dica pode às vezes ser bem aproveitada, então segue apenas uma hoje:
PRESTE ATENÇÃO!
Saia do automático da vida, se afaste da maioria, da multidão, do vamos seguir a corrente…
Procure respirar, refletir, sentir e quando for ouvir, ouça os seus pensamentos, a sua mente criativa, o seu inconsciente sábio.
Preste atenção às suas emoções, nos momentos que disse sim, querendo muito dizer não, nas palavras que ouviu, nos gritos que vieram na sua direção e nos momentos que respirou com dificuldade, tendo vontade de responder e engoliu tudo.
Lembre-se dos milhares de nãos que ouviu e lembre-se de todas as vezes que sonhou e alguém disse para acordar, que desejou e alguém disse que era impossível, que se levantou e até foi, mas alguém entrou na sua frente e quando se apercebeu, já se tinha perdido.
E por falar em se perder, PRESTE ATENÇÃO no caminho.
Às vezes estamos indo bem e nos perdemos um pouco aqui, um pouco ali e chegamos a um momento da vida que não conseguimos reconhecer mais a direção e ao invés de pararmos, refletirmos e voltarmos, insistimos em continuar… e o que parece coragem e determinação, lá na frente se tornará desespero e medo, porque não se lembrará mesmo do caminho.
Mas como eu disse, é apenas uma dica.
Pode ser valiosa se compreender e souber utilizá-la, mas pode ser apenas palavras se ficar esquecida em algum cantinho do azul escuro da sua mente.
Faça a Diferença!
Preste Atenção, Não leve a vida tão a sério, Viva, Divirta-se e lembre-se sempre de sorrir e fazer as outras pessoas sorrir também.
Abraços Hipnóticos,