Acredito que estávamos ainda na terceira sessão e mergulhados em algumas cenas da sua infância, quando a cliente soltou um choro maior, puxou o ar e reprimiu aquele choro, aquela emoção. Naquele momento eu disse para ela continuar, para colocar pra fora aquilo que estava lhe incomodando e ela continuou a segurar e começou a ficar bem vermelha. Logo a tirei daquele estado e quando voltou, ela me disse que o seu pai sempre apontava o dedo pra ela quando a mesma ia chorar e gritava: “Xiiii… Engole agora esse choro! Agora! Vamos!” E ao me contar isso eu me aproximei e disse: “Não é você que está chorando…. É a sua alma que quer transbordar….” E antes de eu dizer, “Permita-se…” Ela já estava ali a transbordar como nunca fez antes.
Esta lembrança me trouxe tantas outras que levam ao mesmo pensamento – Desde pequenos engolimos as nossas emoções! Hoje é o choro porque cometemos algum erro, depois é o choro porque queremos algo e não podemos ter, depois o choro porque queremos atenção e somos reprimidos por isso e amanhã estamos tão bem treinados em “engolir” que quando existe uma frustração engolimos comida, para satisfazer algum lado nosso que se sente (menos bem). Acredito que isso é uma das coisas que aconteceu durante muitos anos comigo, pois não comia para alimentar o meu corpo ou para ter mais energia, comia para alimentar emoções que de alguma maneira precisavam sair pra fora. Mas como eu também fui educado a engolir e não chorar, engolia a comida que além de satisfazer algumas faltas, viciava.
Engolimos emoções de todas as formas e pelos mais variados motivos e penso eu que o acto de “engolir” faz parte de uma programação antiga constituída na infância e alimentada durante toda uma vida. Como isso está muito a nível inconsciente, nem nos apercebemos e vamos deixando de dizer para não ofender a outra pessoa, vamos deixando de expor a nossa opinião, porque temos medo da reação das outras pessoas e aos poucos vamos nos tornando apenas em mais um no meio da multidão.
Não estou obrigatoriamente a dizer que as pessoas precisam se destacar e se tornar estrelas do cinema, mas gosto de acreditar que elas precisam ser estrelas da sua própria vida, da sua existência e isso é o “mínimo” para sermos verdadeiramente felizes. Ser a estrela do nosso próprio filme, não acha? Não seria um pouco estranho vivermos uma vida na qual somos apenas um figurante que aparece lá no fundo apenas para preencher algum espaço na cena de outra pessoa que é a atriz/ator principal?
Ouço sempre atentamente as queixas dos meus clientes em consultório e não tem uma vez em que não me pergunte o quanto aquela pessoa que está diante de mim, no consultório ou no Skype (online), se sentiu reprimida ao ponto de aprender a viver a vida que vive! E digo isso porque 100% das pessoas que me procuram possuem algum tipo de conflito interno, algum desalinhamento que provoca o “sofrimento” e claro que para isso acontecer, elas precisam ter em algum momento da sua vida aprendido errado e continuado a alimentar este erro.
Um exemplo claro é o “engolir as emoções”. Um cliente meu disse uma vez uma frase que ficou marcada na minha vida que foi: “É isso mesmo Éric. Eu engoli muitas emoções e hoje dou mesmo é porrada em todos, grito e ninguém brinca mais comigo!”. Eu confesso que aquilo ao mesmo tempo que me chocou, me ajudou a compreender que neste processo de reeducação as pessoas precisam compreender que não precisam sair do 8 e ir para o 80. O que precisam é compreender, pois quando compreendemos, tudo se torna diferente e quando agimos nos extremos, estamos apenas mudando de problema. Antes era se calar e hoje é falar agressivamente e falar demais.
Aprendi que nunca é o que você fala, mas a forma “como” você fala que muda completamente as coisas e dentro deste aprendizado ficou mais do que claro pra mim que gritar não ajuda o “outro” a compreender melhor aquilo que acontece, ajuda apenas você a perder o controlo da situação, se perder dentro do seu diálogo e depois se arrepender.
Engolimos o choro na infância e está tudo ok! Já foi e independente dos motivos que te levaram a engolir uma coisa é certa, a sensação precisa ficar no passado e não trazê-la para o momento presente, ok? Precisa estar consciente e perceber que não precisa engolir mais este “choro”, nem a comida, nem a bebida, nem as palavras, nem a fumaça (para quem fuma) e nem nada que te faça sentir mal ou desconfortável.
Hora de acordar para a vida e começar a fazer escolhas saudáveis e quando digo isso quero dizer em vários setores da sua vida! Selecione aquilo que vai comer, mas selecione também os seus pensamentos, as suas amizades, as suas companhias mais frequentes, a sua leitura, os seus amigos virtuais, as páginas que realmente quer seguir. Selecione os momentos que vai dizer sim e os momentos que vai dizer não. Selecione! Chega de engolir tudo como se fosse um processo obrigatório na sua vida!
Pare de engolir coisas que vão alimentar dentro de você sensações de estar cheio! Amanhã está (CHEIO) da sua vida e nem sabe porquê.
Que tal agora compartilhar esta dica para que outras pessoas possam também ter a oportunidade de se tornarem pessoas melhores…. Agradeço por me ajudar a espalhar a mensagem.