Digo muitas vezes isso para às pessoas.
Não é fácil sairmos de uma relação tóxica, mas sabe o que é mais difícil? Identificarmos, assumirmos que estamos em uma relação tóxica “e” às vezes, até conseguirmos assumir que “o” tóxico somos nós, dói.
A maioria dos atendimentos que fiz com pessoas que estavam presas em uma relação tóxica, a pessoa estava em negação! Sabia que a relação não era boa, mas contava historinhas das mais interessantes para justificar porque precisava continuar nela. Em casais, o que mais ouço é “ele é assim, mas eu o amo”, “não saberia viver sem ele”, “ele é meu tudo” e até coisas como “talvez a minha missão seja mudar ele”, “sei que algo de bom virá desta relação”, mas, na realidade, é uma relação de
co- dependência, de “bate e assopra”, de gritos e carinho, e quem está neste círculo vicioso não consegue enxergar a dinâmica doentia, pois não quer aceitar o que está, realmente, acontecendo.
No início deste ano, atendi uma pessoa que vivia uma relação tóxica com o seu empregador. Era humilhada e elogiada, ele a testava em tempo integral, reclamava, dizia que ela não tinha competência, mas, explorava ao máximo dela e dizia que estava a treinando para um dia ser líder na empresa e ela acreditava, é claro.
Ao poucos ela vivia uma relação de amor e ódio, mas quando me procurou foi porque os resultados de tais atos já estavam chegando ao lar, atingindo suas filhas, seu marido e tudo estava a beira de romper, mas mesmo assim, ela insistia que estava quase a resolver a situação na empresa, que sentia que a empresa precisava dela e que aquele emprego era a sua vida!
É curioso e até assustador para quem vê de longe, mas para quem está mergulhado na “relação tóxica”, a maioria, nem percebe, apenas vai vivendo a vida, a “dependência” e acreditando em tudo, menos no que é óbvio, a “relação tóxica” e o que mais me dói é que a maioria das pessoas são acordam para tal situação, quando se dão conta, já é tarde demais, quando as coisas já tomaram uma proporção que a única opção é pedir socorro.
Há alguns dias terminei um tratamento terapêutico com uma cliente que durou perto de três meses, e lembro dela chegar destruída na primeira sessão e ainda incrédula de que eu poderia ajudar por ser online, mas nesta última sessão rimos muito e, diante de mim, tinha outra mulher, muito diferente daquela que falava dez palavras e chorava 2 minutos, que ainda não aceitava que o seu marido tinha, por anos, colocado ela em uma situação triste, deprimente e tinha a convencido que ela era uma inútil. Ele dizia que estava com ela por amor, por ela ser mãe de seus filhos, mas tinha pena dela, por ela ser burra e ser incapaz, mas, ao mesmo tempo que a machucava, ele corria a abraçava e dizia: “mas não se preocupe, estou aqui para cuidar de você”.
Ele a convenceu que ela era tudo aquilo e mais um pouco e ele era o seu salvador e, aos poucos, a afastou das poucas amigas, da família, do trabalho e por 14 anos (Veja a loucura), por longos 14 anos, ela foi apenas mãe e esposa, mas, no final do nosso trabalho, ela disse que hoje enxerga que ela era apenas a empregada doméstica, a mulher que, às vezes, servia para sexo, garota de recados que jogou fora 14 anos de sua vida.
Interessante é o reflexo de tudo isso na família – Os filhos são cheio de problemas, uma com ansiedade, outra com excesso de peso e baixa autoestima, e sabem quem eles culpam? ELA! Pois acham que ela deveria ter se livrado disso antes, mas ela só conseguiu há poucas semanas, por intervenção de seu irmão mais velho, que quase a arrancou a força da casa que vivia.
Muitas pessoas, mas muitas, vivem em relações tóxicas, umas ainda no início, sem grandes sinais de danos, outras, já mergulhadas no jogo de manipulação, mas não se engane, em todos os casos, as pessoas estão envolvidas e comprometendo a sua saúde emocional e muitas vezes até física, e em inúmeros casos, de toda a família que convive com os “abusadores”.
Relações de “amor e ódio” não são comuns! Parem, urgentemente, de romantizar as situações, parem de achar normal… Na minha casa, sempre foi assim, na casa do meu amigo é assim! Não é normal! Se está vivendo em ambientes assim, precisa mudar de ambiente, pois você está no local errado, bebendo da fonte contaminada e corre um grande risco de repetir o padrão!
– BUSQUE AJUDA! Fale com às pessoas que confia sobre isso, mas não fique achando que você vai mudar a “outra” pessoa, que não vai.
Até a próxima,
Clínica de Hipnose e Nutrição
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