Era uma quarta-feira de muito sol em Miami (2012) e lembro de ter terminado uma sessão de hipnose com um atleta de ténis. Estávamos já na carrinha em direção ao tão esperado jogo e o treinador veio dando algumas orientações pra ele e no ultimo momento antes dele descer do carro, o treinador disse uma frase que marcou a minha vida: “Lembre-se de manter o seu radar ligado, direcionado para aquela quadra e apenas para aquela quadra”
Descemos e logo a partida começou. Eu dividia os meus pensamentos entre o jogo e o radar e como o treinador estava focado no torneio. Não quis perguntar, mas na primeira oportunidade falamos sobre este “radar” e desde então sempre observo para onde o meu radar está ligado, na frequência que realmente preciso e nesta dica terapêutica vou fundo neste assunto com a intenção de ajudá-lo a perceber e fazer os ajustes necessários para encontrar a frequência certa.
Naquela época, o exemplo que o treinador usou comigo foi de uma antena parabólica! Lembro dele dizer: “Se a antena estive virada para o lugar errado, entrará na frequência errada e por mais que deseje ver o seu programa preferido, verá apenas o que aquela frequência está (programada) para ver. Se não perceber isso a tempo, irá se adaptar a uma nova programação, vendo apenas o que passa (naquela) frequência ou irá ficar tentando sintonizar e verá chuviscos e nada mais.
Hoje com tudo digital é muito difícil não pegarmos a programação certa, porém se o satélite não estiver direcionado para o lugar certo, tudo o que veremos é uma tela azul escrita (Problemas técnicos).
Tenho falado insistentemente sobre a facilidade que temos em nos distrairmos no momento atual que vivemos, devido as inúmeras informações disponíveis e isso pode ser um dos fatores que levam alguns de nós a ajustar o nosso radar para a frequência errada. Às vezes por não identificarmos que não é a frequência certa ficamos ou nos acostumamos e (mesmo) percebendo já estamos acomodados e acabamos permanecendo por ali.
Quando eu falo em radar poderia estar dizendo a nossa atenção MAIOR, o nosso foco! Lembro de uma época ter traçado no Brasil um projeto e estar focado nele, quando logo no início surgiu outra oportunidade e abracei as duas coisas. Não percebendo que estava dividindo a minha atenção e energia com duas situações completamente opostas, é claro que nem uma nem outra deram certo. Ainda fiquei super desgastado fisicamente e com um enorme prejuízo financeiro sem listar todas as consequências que aquela “distração” me trouxe.
Ouço muitas pessoas falarem da importância de fazer, arriscar ir com tudo e às vezes elas ligam o seu radar para a direção errada e persistem em situações que apenas vão levá-las a resultados nada positivos, a dores maiores. A falta de sensibilidade ou a urgência em seguir um caminho as faz direcionar o seu radar para qualquer lugar que tenha um letreiro escrito ESPERANÇA.
Muitas pessoas continuam um negócio, um casamento, uma amizade, um projeto, perseguem uma crença, porque acham que se abortarem estarão cometendo um crime ou serão taxados como pessoas que desistiram, que abandonaram e a preocupação com o que as outras pessoas vão pensar fazem com que elas jamais ajustem os seus radares, deixando-os captar apenas aquela frequência que muitas vezes não os levaram a lugar nenhum.
O nosso radar capta a frequência e nos estimula a seguir aquele caminho até atingirmos o nosso objetivo. Neste momento sempre penso se vale mais a pena eu pensar apenas no resultado final ou se vale a pena ter o resultado final em mente? Depois percebo que é mais importante me concentrar no processo, no caminho, pois a minha vida não acontece quando eu chegar lá! Ela acontece aqui e agora durante o processo que estou vivendo, ela acontece a cada passo que eu dou em direção a atingir o objetivo.
Compreende?
Pensando desta maneira estou sempre fazendo os ajustes necessários durante o “caminho” e assim consigo perceber o tamanho do desconforto que estou vivendo no momento e vou fazendo ajustes, vou sentindo, afinando a minha sensibilidade e aos poucos vou sintonizando melhor o meu radar.
Já fiz ajustes que me distraíram e simplesmente voltei a ajustar de novo, já fiz ajustes grandes e aprendi que o melhor é serem constantes ajustes, mas ir sintonizando isso tudo aos poucos e com calma e ir percebendo a sensação que aqueles ajustes fazem em nossa vida. Depois que descobri que tudo deve ser feito sem ansiedade e com muita atenção, o meu radar começou a captar as frequências certas e percebi que os resultados iam acontecendo à medida que eu avançava para o próximo nível.
A experiência de focar em algo maior na vida e seguir, correr, fazer de tudo para alcançar, agarrar, ser o primeiro, disputar, perdeu o sentido pra mim depois que amadureci, que me tornei adulto, dono da minha verdade, responsável pelos meus resultados.
Hoje tomo muitas precauções para não invadir as frequências das outras pessoas, para não entrar numa competição, para não voltar ao jogo de ganhar e ganhar e apenas ganhar (a qualquer custo). Hoje prefiro manter os meus ajustes equilibrados e não arriscar tão alto como já fiz no passado. Penso que ajustes curtos vão nos dando pistas e direções mais seguras e para quê correr todos os riscos se podemos ser nós mesmos e aprendermos e no caminho, (durante) o aprendizado, ainda nos divertirmos imensamente.
Veja antes de mais nada se o (SEU) radar está ligado! Às vezes apenas ele está no piloto automático e se quer saber como identificar é fácil! Você faz o que faz porque tem que fazer todos os dias ou está atento ao que acontece? Existe prazer? Existem motivos? Quando está mal, faz planos para melhorar ou simplesmente respira fundo e continua a vida?
Pessoas com o radar desligado, vivem um casamento ruim e não fazem nada para melhorar ou não conseguem sair do casamento! Trabalham na mesma empresa insatisfeitas e não olham para o lado, pois acreditam que não existe nada melhor em lugar nenhum. Pessoas com o radar desligado, vivem a vida por viver sem fazerem absolutamente nada para mudarem. Já estão acostumadas com aquela zona de conforto e o que antes era desconfortável se tornou aceitável.
Pode até não concordar comigo e está tudo certo! Mas se observar a sua vida, as suas decisões, os resultados das suas decisões, o tempo que já percebeu acreditando em coisas que apenas o fizeram andar em círculos e não trouxeram nenhuma evolução para a sua vida. Talvez se refletir com cuidado perceberá que o seu radar está direcionado para a frequência errada.
Então, lanço a seguinte pergunta: E o seu RADAR? Para onde está direcionado?
**Lembre-se que sempre há tempo de ajustá-lo!