Eu hoje estou em Lisboa, vim trazer a minha filha para o Rock in Rio e ainda no banho pensei: Hoje não vou escrever a dica terapêutica, pois temos muito que fazer ainda antes do show e este dia é dela e…. Pára! O meu Génio que habita no inconsciente logo me chamou à *atenção me lembrando que um dia eu já fui um colecionador de desculpas e hoje não era mais. Eu não poderia deixar que isso interferisse no meu compromisso diário com o meu público, então cá estou e é sobre isso que falarei nesta dica terapêutica.
Durante algum tempo (e penso que muito) eu colecionei desculpas e aprendi a contar belas historinhas para “justificar” principalmente o que eu não queria fazer (OU) os meus momentos sabotagem, por exemplo, eu queria ficar em casa aquele dia e começava logo cedo a dizer que eu estava cansado, que os meus clientes não podiam ser atendidos por mim naquele estado e ia aos poucos fortalecendo o meu cansaço, o meu desânimo até o ponto de ligar e pedir à minha secretária para cancelar a agenda do dia. Enquanto se eu aprendesse a descansar, se respeitasse o meu corpo e sono, jamais iria acontecer isso, compreende?
Uma desculpa atrás da outra e aos poucos vamos nos acostumando e vamos justificando para nós (em primeiro lugar) e depois para o mundo e assim vamos nos sentindo de alguma maneira melhor. Às vezes até temos a sensação que o nosso peso diminuiu e esta “falsa” sensação cai tão bem em alguns dias que a nossa mente a repete de novo e de novo e mais uma vez até nos sentirmos mesmo bem com aquilo e quando percebe as suas desculpas são automáticas.
Uma cliente minha em Lisboa atrasa em todas as sessões, às vezes 40 minutos e sempre culpa o trânsito, o filho que se atrasou e nunca ela me disse: “Eric, desculpa! (EU) deveria ter saído de casa mais cedo” ou “(EU) deveria ter acordado o meu filho mais cedo e preparado as coisas da escola dele na noite anterior” e sabe porquê? Porque a culpa não é dela, é do mundo! E basta eu ver isso e saber da sua história para perceber porque ela tem um padrão de vítima.
Não sei se alguma vez percebeu que conta historinhas para si mesmo para se sentir melhor pelo que faz “ou” por aquilo que não quer fazer! Uma vez entrevistei um cliente usuário de cocaína, aprendi muito com ele, pois eu queria saber o que ele pensava minutos antes de sair para comprar droga e ele me disse que pensava assim: “Sou um pai de família, cuido muito bem dos meus filhos, não traio a minha esposa, pago meus imposto e não faço mal a ninguém, porque não cheirar hoje?”
Entrevistei outros usuários de drogas diferentes e a maioria tem o hábito de se justificar mostrando para si que não está fazendo nada errado e por isso vão consumir! É igual com os usuários de canábis, muitos deles me dizem: “Canábis não é droga! É natural! É medicinal, e o que faz mesmo mal é o cigarro normal” e sempre arrumam uma maneira de justificar que o que estão fazendo é bom e muito bom.
Penso que com estes exemplos ficou muito, muito claro como contamos historinhas, não é verdade? É um processo rápido, (quase) que “inconsciente” e quando percebemos, estamos lá nos contando mais uma história para desistir de fazer o que deveríamos fazer! “Caminhar hoje? Tá brincando, né? Hoje é sábado!!! Trabalhei a semana toda, atendi mais de 40 pessoas, mereço é descansar!” Aí depois da história contada e da aceitação, passamos o dia em casa no sofá comendo e vendo televisão. Comendo coisas nada saudáveis e vendo todos os programas que NEM AJUDAM a nossa vida, apenas contribuem para nos distrairmos e para sermos cada vez mais manipulados.
E no final vamos vivendo a teoria do “um dia de cada vez”, reclamamos de tudo e de todos, achamos que não temos o que agradecer, olhamos para a vida “dos outros” e nos perguntamos porque eles são mais felizes? E esta é uma pergunta que sei responder MUITO BEM! Leia com atenção, ok? “ELES FAZEM ALGUMAS COISAS QUE VOCÊ NÃO ESTÁ FAZENDO”
Aí vive assim revoltado com todos e no final chama isso tudo de vida! E às vezes ouço histórias e penso no final que isso é “TUDO” menos vida!
Então se liga e aprenda a colecionar selos, moedas, notas antigas, livros, fotos, tudo menos DESCULPAS!