Há poucos dias, um profissional com quem tenho pouca amizade, mas com quem troco por vezes algumas informações, me disse: “A minha técnica é melhor que a sua”. Junto com esta forte afirmação, ele trouxe uma gigantesca lista de motivos, alguns “científicos” para fundamentar a sua fala, outros “impondo” a sua experiência. Durante os 30, 40 minutos em que apenas ouvi, algumas coisas vieram à minha mente e uma delas foi: Que triste esta necessidade dele de falar desta forma comigo…
Tenho 44 anos e há 22 me dedico a atender pessoas utilizando ferramentas terapêuticas e sim, a base do meu trabalho durante anos tem sido a hipnoterapia, à qual junto a programação neurolinguística, o coaching e, agora mais recentemente, a terapia sistémica e a constelação familiar! Sou também académico em Filosofia e cada vez mais tenho dificuldades em dizer para as pessoas “como” eu faço, qual a ferramenta que uso, pois sinceramente não me preocupo muito se o transe é profundo ou médio, se estou atendendo presencialmente ou online, o que quero é ajudar aquela pessoa a sair “do sofrimento”, independentemente se a técnica é X ou Y.
Dizer que a minha técnica é melhor do que a sua é uma necessidade que não compreendo em alguns profissionais! Vender a ideia de que isto funciona e isso não, definitivamente é um pouco estranho, pois o cliente é “único”, a dor dele também e por mais que seja parecida com a de outra pessoa, a sua constituição nunca é a mesma, então o que funciona para o Pedro, pode não funcionar para o João, compreende?
Gosto de pensar que quanto mais estudo, mais compreendo maneiras diferentes de chegar a resultados realmente incríveis e nem sempre o que aprendi foi colocado em prática da mesma forma que aquele professor me ensinou, mas o referencial ensinado foi um trampolim para que eu pudesse construir um trampolim criativo e fazer da melhor maneira possível. Agora antes que me pergunte: “melhor pra quem?” Para o cliente! Pois tudo isso é sobre ele e não sobre mim.
Duas décadas estudando, pesquisando, ensinando, atendendo em países diferentes, me fizeram entrar em “modo” desconstrução e é assim que me sinto neste exato momento da minha vida…. Estou em desconstrução! Desconstruindo tudo aquilo que um dia comprei como verdade absoluta! E sabe o que ganho com isso? Ganho a liberdade de fazer o melhor para os meus clientes, para mim e para todo o sistema sem carregar em mim a responsabilidade de curar, de resolver, de fazer a qualquer custo.
E finalizamos a nossa conversa, ops! Deixa-me corrigir aqui – Finalizamos as “aulas” do que eu deveria fazer, com ele cheio de certezas e eu repleto de dúvidas…. Mas posso afirmar que não estava em dúvida pelo que fazer ou deixar de fazer e sim, se ele realmente “se ouvia” enquanto ele tentava vender tudo aquilo que um dia ele comprou como verdade única e absoluta!
Ao desligar, apenas pensei – Que bom que sou livre!
E se quiser ouvir um dos meus 400 Podcasts ou ler os meus artigos, tem um link abaixo que o vai levar a algumas das minhas páginas.
Até Já,