A Ferida “sempre” sara.
Nº38| Para Refletir | Eric Pereira
Ouvindo “e” intervindo durante tantos anos para ajudar as pessoas a compreenderem e curarem suas feridas emocionais, aprendi que uma ferida sempre sara, mas o ferido nunca mais volta a ser a mesma pessoa, porém quando o ferido trata suas feridas de maneira consciente e terapeuticamente, ele pode até não ser novamente a mesma pessoa, pois talvez perde “no processo” um pouco de sua ingenuidade, da sua confiança e até da sua auto estima, mas ele ganha força, resiliência e amor próprio e tudo isso junto o fortalece para que ele consiga ser a sua melhor versão.
Já tive diante de mim, milhares de pessoas nestes últimos 21 anos de trabalho com as mais diversas feridas… Traições, lutos, medos, traumas, crises, decepções e feridas muitos expostas, quase já curadas, feridas que aparentavam ser simples e na verdade eram profundas…. Algumas resolvidas com facilidade, outras com imensa dificuldade, mas todas feridas é que necessitavam de intervenção imediata.
Interessante é que independente “da” ferida que meus clientes me trazem, o que mais os magoa (acredito eu), é que eles entram em um estado de decepção/frustração tão grande que passam e repassam a história do ocorrido tantas vezes no azul escuro de suas mentes que aos poucos aquele fato “original” vai sendo acrescido de outras imagens e sons “não verdadeiros” e a história original ganha um PESO tão grande, ganha uma importância tão gigantesca que o que era um fato que tinha pernas para ser superado, se torna um “fato histórico”, se torna um tormento, um verdadeiro filme de terror e para agravar, muitas pessoas vivenciam este “filme de terror” e além de sabotarem sua mente, começam a trazer da mente para o físico e sentem verdadeiramente as dores do que está acontecendo.
Sabendo eu, experiente como sou nesta área, digo sem medo de errar que a ferida sempre sara! Independente do tamanho, ela vai sarar – Agora cabe aqui é decidirmos se queremos olhar para ela atentamente, com carinho, com amor, com atenção “ou” se vamos preferir usar as lentes do drama, do caos, do vitimismo.
Um dia disse exatamente isso a uma cliente em meu consultório em Lisboa e ela chorando e quase gritando me perguntou como ela iria olhar com amor para o que aconteceu com sua filhinha de apenas 4 anos que faleceu de cancro e não era justo e compreendia muito bem a dor daquela mulher, até porque eu também perdi um filho, na época com 1 ano e seis meses que teve uma forte dor de ouvido e um erro médico o levou para o céu.
Foi difícil, eu chorei por dias e até questionei Deus! Porém olhei para aquilo com amor, com carinho, com atenção e compreendi que a missão dele era exatamente aquela. Eu acredito que ele tinha 1 ano e seis meses de missão e a cumpriu lindamente. E sempre lembro dele e de uma cena dele me olhando e sorrindo e às vezes uma lágrima escorre e às vezes esta imagem me arraca um sorriso! Mas esta ferida está cicatrizada.
Você pode compreender a verdadeira “essência” do que estou aqui dizendo… Ou não! Porém um fato (pra mim) é mais do que certo – Tudo nesta vida pode ser encarado como um momento, como um aprendizado, como um processo para a nossa evolução ou como uma fatalidade, um entrave, uma “desgraça”, uma falta de sorte.
Agora, como terapeuta que sou, preciso dizer claramente que se escolher olhar para as suas feridas com consciência, irá curá-las (todas elas), com o melhor que existe aí dentro de ti, que é o amor.
Espero que observe com atenção e lembre-se que se precisar chorar, pode e deve chorar, se precisar gritar, grite! Se precisar de um ombro, procure as pessoas que confia, se precisar ajuda profissional, vá ao encontro de quem realmente confia, e está tudo certo fazer tudo isso, apenas não permaneça no registo (no pobre registo), de minha vida acabou, não sei o que fazer! Coloque amor e ação, pois a vida não para, então não pare a sua!
Fique bem e olhe com carinho e coloque amor nestas suas feridas, logo vão cicatrizar.
Até a próxima,
**Lembre-se que Todas as segundas, temos a Live #Zerodesculpas as 6:50h da manhã (horário de Portugal)