COZINHAR SEMPRE FOI ALGO QUE AMEI, PRINCIPALMENTE QUANDO EU QUERIA ME DESLIGAR DO MUNDO OU “FINGIR” QUE NÃO TINHA NENHUM PROBLEMA. QUANDO ELA ENTROU NA COZINHA EU ESTAVA DESCASCANDO CEBOLA E CHORAVA EM SILÊNCIO, MAS ELA PERCEBEU QUE COM CEBOLA OU SEM CEBOLA AQUELE MOMENTO MERECIA UM ABRAÇO APERTADO.
Eu cresci ouvindo que homem não chora e lembro do meu padrasto me olhando com uma cara séria e um olhar fixo dizendo em um tom diferente! “Eiii… Homem não chora!” E por mais firme que fosse a sua voz, quando chegava na parte do chora, parecia que a voz era entonada e o timbre aumentava, como se ele soubesse como transmitir aquela mensagem.
Claro que não era um especialista em PNL e nunca fez um curso de oratória, mas de alguma maneira inconsciente usava suas técnicas de “pai”, padrasto, de alguém que estava usando os recursos que tinha para educar!
Aí você recebe tais instruções de uma pessoa que naquele momento tem uma posição importante em sua vida e que seu cérebro compreende que deve a qualquer custo obedecer. Naquele momento, mesmo sem saber, inicia um lindo processo que eu chamo de “engolir sensações” e engole o choro (e junto com ele os motivos que lhe fizeram chorar) e outras situações vão acontecendo em sua vida. A imagem, a voz e a maneira como foi lhe dado o comando surgem e você engole de novo o choro (e outra vez aquela emoção).
Vamos crescendo e nos tornando especialistas em “colocar para dentro” o que queremos e o que NÃO queremos… E engolimos outras situações desagradáveis e quando algum facto pior acontece (e o pior também faz parte de um sistema de crenças pré-estabelecidos por nós), deixamos de engolir o choro, pois nem estamos chorando, mas engolimos a raiva, o ódio (Palavras que eu desconhecia, na época que aprendi a não chorar).
E alguns de nós, engolimos junto com todas estas emoções, um belo prato de macarrão, um pedaço de frango a mais, batatas fritas e talvez alguns litros de refrigerante… E está tudo certo, pois no meio desta bagunça emocional toda descobrimos que é até bom comer e comer muito e beber também, pois não estamos naquele momento falando mais de fazer com que os sentimentos ruins apenas desapareçam, mas estamos falando de ter prazer também e isso se torna um hábito bom. Ou melhor, um hábito delicioso.
Claro que quando aprendemos a engolir tantas coisas deliciosas junto com nossas decepções, mágoas, raivas e sensações, também não imaginamos que podemos ganhar 120 kilos ou que podemos ter doenças cardíacas ou diabetes e nem paramos para pensar sequer se alguns de nós vamos nos tornar alcoólatras ou se engolindo pequenas doses de nicotina e fumacinha, vamos nos tornar dependentes de cigarros que dão mesmo um enorme prazer ao acordar, após as refeições, junto com uma bebida e em tantos outros momentos da nossa vida.
Eu penso que fui um bom aluno na arte de ganhar peso e lembro perfeitamente como a minha mente funcionava quando algo ruim acontecia e a historinha que eu contava era tão bem elaborada que logo estava eu no supermercado comprando tudo aquilo que “precisava” para construir mais uma daquelas deliciosas sensações temporárias que iriam me dar um SUPER prazer momentâneo, alguns kilos a mais, algumas horas de arrependimento e depois iria despertar em mim um processo que chamo de “Motivação -1”
A motivação -1, vem logo depois de todo aquele delicioso prazer momentâneo e ilusório causado por ter comido demais e algumas vezes tive-o fumando um cigarro na varanda, ainda com a sensação de ter comido um boi inteiro e com o efeito do refrigerante.
Naquele momento algo tomava conta dentro de mim e mal sabia que estava ativando a minha “motivação -1”, ou seja, eu iria me arrepender, depois iria criar uma falsa determinação, fazia promessas que jamais aquilo aconteceria de novo, traçava um plano mesmo “perfeito” para mudar tudo aquilo e, às vezes, no dia seguinte começava um processo e parava e minha motivação nota 10, logo era -1.
Na maioria dos casos nem me lembrava de nada no dia seguinte e a vida continuava, a minha mente apenas colocava mais uma imagem na parte do meu inconsciente, onde eu colecionava fracassos, tentativas e frustrações.
Claro que depois que mergulhei em estudos, leituras, formações e aprendi a utilizar ferramentas como a hipnose, PNL e Coaching, compreendi muitas coisas e nunca culpei meu padrasto, mãe ou seja lá quem for que me ensinou a engolir ou a desistir, mas o facto é que no início compreendi, mas continuei a cometer os mesmos erros, mas sabemos que os fazia.
Depois comecei a construir estratégias para desconstruir estes hábitos e confesso que no início falhei e não entendia como conseguia mudar a vida de tantas pessoas e tinha dificuldades de mudar a minha, mesmo assim tive outras tentativas e outras frustrações, foi quando percebi que estava sendo muito mental, muito matemático, muito científico e tudo que importava eram 2+2 ser igual a 4.
Eu estava cozinhando e naquele dia até estava bem (Pelo menos acreditava) e comecei a pensar no que estava mesmo fazendo da minha vida e como eu estava conduzindo-a e junto com o entusiasmo de cozinhar, veio o de chorar e sem nenhuma dúvida aquelas cebolas foram o início. Ainda assim me contive, até minha esposa Paula Briani entrar na cozinha e brincar comigo e me abraçar e dizer as palavras mágicas: “Chora! É normal chorar… Coloca pra fora, aquilo que não te faz bem.” Ela não enxugou as minhas lágrimas, não criticou o meu soluço, mas sorriu.
Naquele momento um processo de ressignificação se iniciou e algo não mudou dentro de mim, mas SE TRANSFORMOU! Aquele domingo foi mais que um domingo, foi um momento que vou sempre me lembrar, foi um acontecimento, foi um aprendizado e foi ali que algumas crenças foram abandonadas e minha mente parou de desenhar rascunhos e começou a desenhar projetos!
Não sou um homem perfeito! E como dizia a minha professora de Hipnose Ericksoniana, Beth Alice Erickson, sou perfeitamente imperfeito e gosto de ser assim, mas hoje não fumo mais, não seguro nenhuma de minhas lágrimas, não como carne e nem como para estar cheio ou saciar uma sensação de vazio, principalmente porque este vazio foi completamente preenchido (Pelo Amor que antes estava esquecido em algum lugar dentro de mim).
Chore cortando cebolas!
É mesmo bom e se sua vontade aumentar, deixe que venham as lágrimas, as sensações, as emoções e coloque para fora um pouco do medo, da angústia, da raiva e deixe que venha aqui pra fora tudo aquilo que não te pertence, que não te faz bem e que PRINCIPALMENTE faz parte de um passado que não é mesmo mais o seu.
Eu sou Coach, Hipnoterapeuta, Empresário, Pai, Marido!
Sou conhecido pela maneira como Toco as pessoas, como Transformo suas vidas. Sou conhecido pelos resultados extraordinários que consigo, mas tudo isso só é possível, porque eu também já chorei cortando cebolas.
Que seu dia seja feliz!
Abraços de Sabedoria