Eu tinha uma secretária em Curitiba (Brasil) que ela dizia: “Dá poder à pessoa e aí realmente você a conhecerá de verdade” e durante algum tempo fui super mega contra esta frase. Na verdade, eu achava uma grande besteira.
Hoje percebo claramente que realmente muitas pessoas “só” precisam de ter poder para se transformarem em outra pessoa e quando digo aqui “poder” sei que na mente de alguns vem o CEO de uma multinacional, dono de aviões e iates e pode sim ser este tipo de poder, mas tenho certeza que na mente de outras pessoas o significado de “poder” já é ter uma casa própria ou um emprego melhor.
Eu atendi uma funcionária de limpeza de um órgão público no Funchal que dizia sentir-se prejudicada por sua chefe, pois ela sentia-se a dona da empresa por ter um cargo de chefia e em quase todas as brigas ela apontava para o seu crachá e dizia em um tom de voz mais elevado: “Está lendo aqui? Eu mando neste setor.”
Pra mim o poder é independente de cargo ou dinheiro. Creio que é mesmo um estado em que a pessoa se coloca e não vejo nada de mal em uma pessoa “ter” poder, desde que ela saiba usar este poder, desde que ela consiga canalizá-lo de uma maneira onde torne a sua vida e a vida de outras pessoas um lugar melhor para se viver.
Posso estar sendo (ingénuo) dizendo isso, mas gosto de acreditar que não somos tudo o que nos acontece e sim o que fazemos com o que nos acontece e eu sou a experiência viva de que PODER sem CONTROLO é realmente ter em mãos uma chave que pode no início abrir algumas portas, mas com certeza pode fechar para sempre outras e eu na minha época de poder, fechei inúmeras delas.
Escolhi falar sobre este tema hoje apenas para alertar algumas pessoas que buscam ter “este” poder e que acreditam que precisam dele para comandar melhor tudo e todos. Não se iludam (por favor), pois o poder não controla nada, ele descontrola tudo, pois quando o temos (na maioria dos casos), o Ego cresce e nos sentimos com desejo de fazer coisas que antes nem nos atreveríamos a fazer.
Outro dia atendendo um adolescente de 15 anos e entrevistando o pai algumas vezes, ficou claro que o pai se sentia poderoso naquela relação, o que ele não sabia era que o seu filho não o respeitava, apenas o temia. Também já atendi casais onde a esposa sentia-se sempre com medo do marido violento que sentia-se poderoso, machão e chefe da família, mas na verdade naquele lar não existia amor, exista medo e conflito.
E como podemos abandonar o poder? Nem digo que devemos abandoná-lo, mas sim olhar para ele com mais humildade, com mais atenção e percebermos se o que estamos recebendo pode ser usado para sermos mais felizes ou para despertarmos os nossos demónios! Às vezes me sinto poderoso em ter tantas pessoas seguindo o meu trabalho e quando abro a minha caixa de e-mails e me deparo com tantos e-mails me sinto “O Cara” e logo uma voz interna me diz: “Saiba usar este respeito e carinho que as pessoas tem contigo”.
É neste segundo que não me sinto mais poderoso e respondo cada mensagem e tento fazer o meu melhor para que aquela pessoa perceba que eu a respeito, que a admiro por sua exposição em me escrever e desabafar e principalmente que estou fazendo o meu melhor respondendo aquela mensagem.
Apenas reflita sobre a sua vida, sobre as suas ideias e sobre a maneira como você age!
Eu realmente desejo que tenha poder em sua vida para perceber como é se sentir assim e que saiba usar em todos os momentos da sua vida para se sentir mais feliz (porém) lembre-se que pode também fazer outras pessoas felizes.