Dicas Terapêuticas
Há 2 dias atrás uma cliente reclamava comigo sobre não receber das pessoas o carinho que ela “acreditava” merecer. Ouvi o seu belo discurso, porém a pergunta que tinha sempre em mente era: “Você merece mesmo?”
Algumas vezes queremos muito que aconteçam algumas coisas em nossas vidas e não paramos para pensar se merecemos mesmo que elas aconteçam. Isso me faz lembrar uma secretária que eu tive por 60 dias que deve ter reclamado 59 dias que eu não a valorizava e nesse curto período de tempo fiquei sempre pensando na sua reclamação e no quão injusto era o seu pedido se ela não fazia nada por merecer este “valor”.
Quem me conhece melhor sabe muito bem que além de reconhecer as pessoas eu sempre estou presenteando, pois acho que todos merecerem ser premiados pelos seus atos. Sei que alguns colegas meus pensam diferente e respeito isso, mas eles são eles e eu sou eu e está tudo certo! A questão aqui é que sinto algumas vezes que estamos afiados para exigir das pessoas, da vida, do universo e (exigimos) sem fazer a nossa parte, compreende?
Meu chefe não me promove e estou há 12 anos nesta empresa! Ok! Porém estar 12 anos em uma empresa “trabalhando”, fazendo o que se é pago para fazer, não é motivo para ser promovido! As pessoas acham que (merecem) sem merecer! O facto dele fazer aquilo que foi contratado para fazer todos os dias não garante que vai subir! Pode ser que outra pessoa entre depois faça o que deve fazer e “ainda” faça outras coisas extra para ganhar a atenção e a admiração dos superiores e (merecer) uma promoção!
E por favor não estou aqui falando em “agradar”, ok?! Estou falando em merecimento! Em caminhar um kilómetro extra….
O marido bebe todos os dias com os amigos, chega em casa e fala alto e briga com a esposa, não dá nenhuma atenção para os filhos e depois o filho cresce e não dá nenhuma atenção e o pai reclama que o filho não cuida dele, não o visita, não é um bom filho! Ele “acha” que merece, né?
A ideia aqui é apenas levar você a pensar profundamente sobre o assunto, pois exigimos muito da vida e acreditamos que ela tem obrigações para connosco, enquanto ela não tem nenhuma obrigação! Entende? Nós é que achamos e criamos um cenário na mente e depois queremos que se (materialize) sem merecermos!
Quer mesmo que as coisas aconteçam em sua vida? Faça por onde e não fique aí esperando que todos reconheçam em ti aquilo que não existe! Não podemos usar as milhas de um cartão para uma viagem se não viajamos e não (acumulamos) milhas. Não podemos querem que o mundo enxergue em nós aquilo que não somos na vida na real! Ser apenas em sua mente é muito diferente de ser mesmo!
Quando penso em discursar sobre merecimento é pensando nas pessoas que reclamam da vida, se vivem sendo coitadinhas, vítimas e que arrumam sempre uma desculpa para se sentirem diminuídas, enquanto na verdade nunca fizeram nada para serem valorizadas e se fizeram, não foi o correto ou suficiente.
É importante termos um certo discernimento na vida, não acha? Entrevistei outro dia uma moça para uma vaga de secretária em meu Instituto e durante a entrevista, peço para as candidatas defenderem “porque devo contrata-las” e esta moça baseou seus argumentos em sua honestidade e aproveitou para “vomitar” coisas de outras pessoas menos honestas, achando que eu iria ficar impressionado.
Penso eu que ser honesto não é uma qualidade é uma obrigação e não venha me dizer que o mundo está mergulhado em corrupção e ser honesto faz de mim uma pessoa melhor e que eu deva premiar os honestos! Não concordo! Isso não pode ser motivo de bater palmas! Ela está sendo apenas o que deveria ser! Talvez você ache que ela mereça, mas eu cá olho para esta “qualidade” e penso: “E? E daí?” No máximo, penso que bom que ela é como eu!
Então antes de reclamar da falta de amor, perceba se está dando amor! Antes de reclamar da falta de cumplicidade, perceba se está sendo mesmo cúmplice. Pense, mergulhe na (SUA) vida, sinta o que realmente acontece e escolha: fazer ajustes imediatamente ou continuar a fazer parte do grupinho de pessoas que reclamam de tudo e todos, os não merecedores!