Há dois dias atrás eu deveria viajar para Lisboa e como sempre cheguei com antecedência no aeroporto. Na hora de fazer o check-in descobri que o voo atrasaria cerca de 1 hora e …ok! Subi a escada rolante pensando que tinha a oportunidade de responder aos quase 40 e-mails que estavam na minha caixa de mensagens e que pela agitação do consultório não consegui.
Depois disso ouvi uma mensagem que devido ao mau tempo em Lisboa o voo atrasaria mais 1 hora e 30 minutos. Eu pensei imediatamente que ia conseguir mesmo responder todos e assim o fiz, até o terceiro aviso dizendo que o voo estava cancelado, pois o avião não conseguiu pousar no aeroporto da ilha.
Como não me lembro de ter um voo cancelado na vida, fui diretamente procurar informação e vi que tinha uma enorme fila e aí entra a dica terapêutica de hoje e espero MESMO que ela possa levar a todos a uma reflexão sobre tempo e palavras jogadas ao vento!
Algumas pessoas estavam muito nervosas, reclamavam com os funcionários da TAP e mostravam-se indignados com aquela situação! Mesmo assim as funcionárias da companhia estavam ali , emitindo passagens, oferecendo auxílio e orientando todos como poderiam obter um voucher para hospedagem e transporte. Uma das pessoas (indignadas) reclamava que queria viajar e não ter hospedagem. Naquele momento tudo o que fiz foi tirar os meus fones de ouvido e observar!
Observar uma pessoa que estava na prática demonstrando uma agressividade sem nenhuma necessidade contra pessoas que nada podiam fazer, já que o avião (NÃO) conseguiu pousar por mau tempo! Cheguei até a pensar um pouco sobre isso e penso que todas as companhias aéreas devem ter um protocolo sobre isso e quando não existe segurança não podem pousar e ponto! Porém aquele homem não queria saber!
Ok! Peguei meu voucher e voltei pra casa! Ainda vi um filme com a minha filha e fui dormir. Confesso que dormi como um anjo! Acordei cedo, adiantei as minhas coisas e rumo para o aeroporto novamente e tive a surpresa ao chegar lá de ter o voo adiado por mais duas vezes. Vi de novo pessoas indignas e andando de um lado para o outro reclamando. Tive também mais uma oportunidade para observar.
Pensa comigo! Por favor!
Estas coisas acontecem às vezes e independente do que seja o “imprevisto”, ficarmos indignados e mudarmos o tom de voz, entrarmos em um estado alterado, não muda absolutamente nada! Gritar e andar de um lado para outro, aliciar outras pessoas com comentários deste nível não ajuda em nada. Absolutamente nada!
Não sei quantas vezes em sua vida exteriorizou a sua raiva ou indignação para o mundo? E acho que se não estamos satisfeitos com algumas coisas, devemos simsim fazer algo a respeito, porém algo que faça sentido!
Eu reclamava sempre de ter que esperar a boa vontade das pessoas de tirarem as bagagens e saírem do avião! Como ando muito de avião, cerca de 4 a 5 vezes por mês, resolvi pagar um extra e sempre vou nos primeiros lugares, então isso acabou! Não fico mais indignado! Simples, não?
Vivia chateado comigo pois deixava muitas coisas para fazer na última hora e isso gerava uma super confusão, principalmente porque acabava fazendo de qualquer jeito e às vezes me atrapalhava. Um dia percebi o quão procrastinador eu era e sabia que tinha que fazer algo a respeito e fiz! Comecei a valorizar o meu tempo e fazer tudo com mais calma. Foi realmente importante e mágico pra mim tudo isso! Pronto! Simples, não é?
Atendi um cliente com 46 anos que chegou ao meu consultório se queixando que tinha vontade de bater em sua esposa e a minha pergunta, foi: “porque não faz?” E ele disse que ela o tirava do sério e mais cedo ou mais tarde ia acabar fazendo.
Porém depois de duas sessões percebei que ele não tinha o hábito de falar e isso se dava principalmente por dois fatores – Um deles porque passou uma vida vendo o seu pai sendo assim e outro que sabia que se sentasse para falar teria que ouvir e não suportava ouvir opiniões.
Durante o nosso trabalho terapêutico ficou muito claro pra ele a ideia de viver em sociedade. Ali podemos descobrir o que era realmente um casamento e logo ele começou a mudar os seus comportamentos. Antes mesmo de finalizarmos ele já falava como era bom falar com a sua esposa e resolveram problemas que (já) deveriam ter resolvido há séculos! Ele me contou que até a relação sexual ficou melhor, pois agora ela sabia do que ele gostava e ele sabia o que ela gostava. Isso não é incrível?
Trocaram a indignação por algo melhor! Começaram a conversar mais! Rss!
Acredite que atitudes como esta valem mais que aumentar a voz! Engana-se quem achar que precisa aumentar a voz para ganhar! Não existem ganhadores quando ficamos indignados e descontamos a nossa ira na outra pessoa, todos perdemos, principalmente em casamentos onde tudo isso se transforma em uma única coisa – Desrespeito! Isso gera desgaste e depois não existe nada que possa realmente ajudar a ultrapassar situações como esta.
Enfim, eu voto por menos indignações e mais diálogos e você? Escreve abaixo nos comentários que quero mesmo saber!