Durante os meus anos como terapeuta aprendi que devemos ajudar apenas aqueles que querem ser ajudados e todos os outros devemos deixar que cuidem sozinhos das suas vidas até aprenderem a pedir ajuda!
Porém, depois de um tempo comecei a discordar de tantas coisas que aprendi e isso foi uma delas! Ajudar apenas aqueles que desejam ajuda? Claro que é mais fácil ajudar estas pessoas, pois quando desejam ajuda elas vêm até nós mais facilmente e estão (pré) dispostas. No entanto, digo sem medo de errar que podemos ajudar quem não quer ser ajudado também e talvez só talvez estas sejam as pessoas que mais precisa de ajuda.
Sou contra colocar informação pela garganta abaixo e “obrigar” as pessoas, porém acredito que existem milhares de maneiras diferentes de contribuirmos! Eu por exemplo escrevo todos os dias para pessoas e algumas delas nem acham que precisam de ajuda, certo? Mas lêem uma dica aqui e outra ali e às vezes podem estar sendo ajudadas (sem) perceberem isso.
Quando percebo que alguém próximo precisa de ajuda e (NEGA) esta ajuda, uso uma linguagem diferente, às vezes dando exemplos de outras, às vezes criando uma empatia maior ainda, às vezes mostrando (sem palavras) que ali estou! Pertinho para o que der e vier!
Algumas vezes uso palavras duras, outras perguntas simples como: “Estou curioso para saber como seria a sua vida se você…..”, E por aí vai! Na minha perspetiva, o mais importante é não desistir das pessoas que precisam de ajuda e não sabem! Sempre lembro que todos nós (inclusive eu) construímos histórias para justificar situações e às vezes a pessoa que “não” quer ser ajudada está apenas construindo uma historinha para mascarar a sua vida e enquanto diz ao mundo que está tudo certo, internamente está destruída e sabe disso, mas assumir não é a sua melhor opção.
Durante alguns anos eu não buscava ajuda, pois achava que não combinava comigo, pois era forte o suficiente para resolver os meus problemas! Atenção, forte demais? Rsssss! Isso não existe! Podemos ser mais resistentes, porém todos nós um dia caímos de joelhos diante de um desafio que rouba o nosso chão e nos leva a perder o equilíbrio emocional, então contamos outra historinha! Um dia percebi que precisava (me) conhecer melhor e me rendi a pedir ajuda e até hoje o faço quando preciso!
Podemos ajudar pessoas indo devagar! Não adianta querermos que a (outra) pessoa evolua ao nosso ritmo, se ela nem ajuda “precisa”, então a dica é que vá com calma, esteja mais presente, preste mais atenção e descubra que é um dia de cada vez e apenas assim é que vamos construindo esta ajuda!
Lembro de um amigo que vivia bebendo e brigando em casa. Eu ofereci ajuda e ele me perguntou se eu achava que ele era louco como os meus clientes?! Não sei de onde ele tirou que os meus clientes eram loucos, mas ok! O facto dele não compreender o que eu fazia não invalidava a nossa amizade!
Uma pessoa do nosso círculo de amigos disse que eu estava perdendo tempo com ele! Ok! Também respeito a opinião dela, porém ele era a pessoa que mais precisa de mim e assim fui me aproximando e “desabafando” sobre a minha vida, contando algumas experiências em consultório e ele continuava com a teoria machão! Eu sou o Alfa, o provedor, o homem da casa e percebi que aquilo veio do seu pai. Então um dia ele me perguntou sobre a hipnose…. Nem preciso dizer que neste dia uma luz se acendeu e falamos muito e passado algum tempo ele estava se tratando com um amigo meu! Por sermos muito amigos decidi não atendê-lo!
Eu normalmente digo que ajudo quem quer ser ajudado e uso muito esta frase em meu consultório, porém é apenas uma maneira de fazer com que os meus clientes acordem, mas aqueles que não acordem, na mesma eu irei insistir e ajudar!
Pode parecer complexo ajudar quem não deseja ajuda, porém gosto de acreditar que estas pessoas precisam mais que todas as outras e por favor atenção que não estou dizendo que deve parar a sua vida para a viver a vida destas pessoas, muito menos que deve assumir isso como a (sua) missão de vida! Pode simsim ajudá-las, porém não deve ultrapassar os seus limites e estas pessoas possuem limites muito bem desenhados para que a vulnerabilidade não apareça.
Eu quando desejo ajudar alguém que precisa de ajuda, eu simplesmente vou ajudando… É completamente diferente de ajudar…. Vou… Aos poucos, uma semente de cada vez….
Escrever sobre ajudar pessoas que não querem ser ajudadas me faz pensar quando eu próprio dizia que não precisava de ajuda! Será que lendo esta dica terapêutica, você aí também não pode estar precisando de ajuda e nem reconhece ou nem sabe?
Hum…. Juro que estou curioso para saber como a sua mente está interpretando este texto.
Um dia lindo e cheio de coragem é o que eu desejo hoje!