A SENSAÇÃO É ESTRANHA. PARECE QUE FALTA AR E TENHO DIFICULDADE EM RESPIRAR, ÀS VEZES AS PERNAS FICAM TRÉMULAS, ÀS VEZES NÃO, MAS UMA CERTEZA QUE ME ACOMPANHA SEMPRE É A DE QUE ALGO MUITO RUIM VAI ACONTECER E NUNCA MAIS VOU VER AS PESSOAS QUE EU AMO.
Frases como esta, ouvi algumas centenas de vezes quando atendia em consultório. Algumas eram ditas com dificuldade, outras com sorriso no rosto. Tenho certeza que aquele não era um momentos divertido e o sorriso era apenas uma das maneiras de mascarar a dor ou a maneira como ela era descrita.
Homens, mulheres, adolescentes, pessoas de sucesso, desempregados, estudantes, brancos, negros, asiáticos… nunca importou muito se tinham apenas 15 anos ou iam completar 70 naquele mês, o importante é que todas estas pessoas relatavam uma dor que não doía. Penso que no momento que ela se manifestava, eles não teriam a mesma capacidade de descrevê-la, pois, a maioria diz que parece que o chão desaparece e o silêncio é tão absoluto que conseguem ouvir o coração batendo alto e mais rápido, mais rápido que as 70, 80 batidas habituais por minuto e mais alto como se tivessem ouvindo uma boa música com belos fones de ouvido.
Alguns pesquisadores estudam o assunto com seriedade e, penso eu que, através de testes e experiências conseguem chegar a “teorias” que na maioria dos casos chamam de solução. Destas pesquisas, teorias ou nomes complexos nascem os comprimidos que estabilizam uns e descontrolam outros. Alguns “contra-medicação” também buscam soluções, às vezes até eficazes, para ajudar a solucionar ou solucionam o processo de ajudar. Em alguns casos esta dor jamais vai voltar a aparecer e em outros, talvez e só talvez, ela comece a doer.
E talvez quando começar a doer, possa significar que ela foi além, pode ser que tenha deixado de ser o sintoma sem nenhuma explicação e se tornadona causa cheia de razão. Mas também pode ser que não!
Minha contribuição jamais é confundir você, mas levá-lo para além destas simples palavras e fazer sua mente pensar, racionalizar, compreender. Toda a vez que uma pessoa desiste de deixar a vida passar e começa mesmo a tentar compreender o que se passa, tudo começa a acontecer de forma diferente e basta dar atenção a isso para entender.
Milhares de pessoas possuem dores que não doem.
Uns com seus medos, outros com suas crises temporárias ou outras cheias de timidez. Conheci muitas que nem sabiam dar nome e por isso aprenderam a dizer que tudo que tinham era angústia sem explicação, uma crise sem razão, um pânico nem sei de quê e à medida que foram “experimentando” tratamentos e não obtendo respostas, mais esta “crise” era alimentada! E tais palavras fortificadas.
Meu artigo não é o descritivo da solução, nem pensem que a seguir serão enumeradas algumas sugestões. Quero apenas compartilhar o que penso e fazer-nos pensar juntos ou até ajudar outras pessoas a pensar assim e quem sabe algo diferente comece a acontecer.
Uma coisa é certa, pensar da mesma maneira, alimentar a mesma dor pode até continuar a não doer, mas também não é sinónimo de resolver.
Quando penso nestas dores invisíveis, nas que duram segundos ou noites inteiras, sempre penso que quem as tem está sempre pensando nos segundos da dor, nos micro detalhes das sensações e mesmo depois de passar, tudo o que desejam é em nada mais pensar, querem mesmo é respirar daquela experiência e livrar-se delade qualquer maneira.
Mas não estão “se livrando” da dor, mas sim daquele angustiante momento que acabou de acontecer. E se fossemos além? Sim! É isso mesmo que acabou de ler!
Hoje pela manhã estava caminhando há quase 1 hora, depois resolvi acelerar o passo e logo correr. Sei que “ainda” estou pesado e não consigo correr muito, mas a ideia era apenas sentir… Nos próximos segundos senti meu coração acelerar, meu suor já escorria pelo rosto, mas sentia ele com mais intensidade. Não queria limpar o suor e muito menos parar de correr, mas diminui até não aguentar mais e fui parando aos poucos, até voltar a caminhar…
Tirei os fones de ouvido, prestei atenção na respiração e parecia por um instante que eu estava no controle de toda aquela situação. Eu sabia o que tinha provocado tudo aquilo, sabia que ao correr, naquele “momento” eu mudaria todo o sistema que “até aquele momento” estava apenas a caminhar, mas ao TOMAR CONSCIÊNCIA daquilo, resolvi voltar a “agir” como antes e logo tudo estava normal…
Aí vem um pensamento, falando da dor que não dói… E o texto pode até começar a ficar cheio de “serás”, mas como diz o escritor Augusto Cury, deveríamos ter mais dúvida, muito mais dúvidas e todos chegaríamos a mais conclusões.
Então, já pensou em esquecer sua dor por um momento? Já pensou em esquecer que ela não dói e deixar ela doer? Rs… Sim, leu mesmo isso! Já pensou em mudar de estratégia e não ficar no invisível? Quem sabe se no momento da dor, se deixasse ela vir, quem sabe se ao invés de sua mente te controlar, você a controlasse e ao equilibrar a respiração, deixasse ela te conduzir… Estou falando da dor!
E se a dor pudesse te guiar, deixasse de ser muda e pudesse falar. Talvez ela até fale alto e você nunca tenha conseguido ouvir porque estava muito preocupado com algumas sensações, achando que essas sensações eram o problema central ou ouvindo tantas opiniões que em algum momento se perdeu.
Lembro de um tempo em que poucas pessoas falavam em angústia, medo, em sentir dor, principalmente dores que não doem. Tenho 39 anos e desde os 15 estudo o desenvolvimento pessoal e leio sobre problemas e soluções, mas estas dores invisíveis não são mais reclamações isoladas. São tema de capas de revistas famosas, temas de congressos lotados eo foco central de centenas de livros em todo o mundo.
Meu papel aqui não é negar a existência dela, muito pelo contrario é incentivá-lo (Se é que posso ser tão audacioso) a mergulhar neste silêncio e deixar ele fazer barulho, talvez ecoar dentro de você… Mergulhar nesta dor invisível e deixar que ela doa até que no azul escuro de sua mente surja uma luz e esta luz se torne numa imagem.Deixe que esta imagem se torne num movimento e talvez este movimento tenha um som ou seja uma sensação que se torne em resposta…
Penso que no fundo, todo este texto que estou desenhando se resume a se permitir… Neste momento parei um pouco de escrever, fechei os olhos ouvindo meu mantra e senti algo bom. Gosto de pensar que quando sinto isso é porque estou conseguindo guiá-los para algo MAIOR, pois nunca quis preencher linhas com palavras, mas transcrever o que a minha alma grita. Nem sempre é fácil encontrar as palavras certas, os melhores termos, mas sinto que juntos estamos chegando a algum lugar e que é neste lugar que deveríamos estar.
Não é fugindo e sim enfrentando, não é na negação, mas na aceitação, não é olhando para o lado e suspirando, mas é respirando profundamente e olhando de frente, sem medo de ter medo!
Chega de lidar com o invisível, com o superficial, com o que sabemos que ali está, mas não pode ser tocado…. Vamos nos dar a oportunidade de colorir o que não podemos ver, vamos trazer para o consciente aquilo que talvez um dia ficou registrado no inconsciente, vamos finalmente aceitar certas verdades e não tem nada de errado em aceitar o que aconteceu, errado é conviver com o facto.
Todos os dias eu acenda a luz, sabendo que para além da lâmpada existe uma energia e sei porque posso ver ela acender, porque toco o interruptor. Mas se a dúvida persistir, posso tirá-la dali e colocar o dedo na tomada. É provável que eu pule pra trás, que leve um susto com o choque, que sinta a dor, mas pelo menos naquele segundo dou fim à minha dúvida e encerro o que eu achava que…
Talvez e só talvez tenhamos aprendido a lidar com a dor que dói. Aquela do joelho ralado ao cair da bicicleta, a dor de levar um tapa ou a palmada quando ainda somos pequenos…
Talvez nos tenhamos acostumados a segurar as lágrimas, a engolir o choro e junto com ele a engolir tantos outros sentimentos. Mas as mesmas pessoas que nos ensinaram a bela arte de engolir, esqueceram-sede nos ensinar que em uma terça-feira qualquer, sem nenhum motivo aparente e SEM SENTIR DOR, teríamos uma dor diferente. Por mais que dessem vários nomes a esta dor, ela seria resumida como “O Transbordar” e nos 5 minutos de uns ou 5 horas de outros, estas emoções iriam assumir várias formas de transbordar. Todo o corpo iria tremer e a mente sem nada entender talvez iria adormecer…parar de pensar…
Se durante sua leitura, “sentiu” o que eu quis dizer, estamos no caminho e quando se sentir preparada vai mergulhar e deixar transbordar até que não sobre mais nada, que fique mesmo vazio para que seja preenchido, mas com as suas emoções, com as suas decisões, com as suas experiências… Pois é assim que deve ser e sem tremer perceberá que estamos aqui para uma missão MAIOR, Viver!
Desperte a sua melhor versão! E lembre-se que não existe nada de errado em ter um vazio que aos poucos vai sendo preenchido. Errado é estarmos cheios daquilo que nunca nos pertenceu.
Abraços de Luz,